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Vale do Araguaia pode ser tornar a nova fronteira agrícola do agronegócio

Imagem: reprodução/Agro

O Vale do Araguaia, localizado no norte de Goiás, tem o potencial de se tornar um dos principais polos agrícolas do Brasil, contribuindo significativamente para o aumento da produção de grãos no país. Embora represente atualmente pouco mais de 2% da produção agrícola estadual, a região tem experimentado um crescimento anual de aproximadamente 35% desde 2019, conforme dados do Instituto Mauro Borges (IMB). Esse ritmo de expansão é sete vezes superior ao observado no restante do estado no mesmo período.

Um dos principais diferenciais do Vale do Araguaia é a utilização de áreas degradadas de pastagem para a agricultura. Segundo Erik Figueiredo, diretor executivo do IMB, essa prática não apenas respeita o Código Florestal, mas também contribui para a recuperação ambiental da região. Estima-se que, para cada hectare de terra degradada recuperada, sejam gerados entre 140 e 200 créditos de carbono anualmente, representando a captura de até 200 toneladas de carbono por hectare.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Goiás (Aprosoja-GO) estima que o Vale do Araguaia possui entre 3,5 e 4 milhões de hectares em condição de recuperação. Com base em uma projeção mais conservadora, de 2 milhões de hectares, seria possível implementar uma produção contínua que poderia resultar em um incremento de 5 a 10 milhões de toneladas de soja nos próximos 8 a 10 anos.

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Para o presidente do Instituto do Agronegócio (IA) e da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso (Feagro-MT), Isan Rezende (foto), o Araguaia é um exemplo. “O Vale do Araguaia é hoje um exemplo claro de como o agronegócio brasileiro consegue crescer sem avançar sobre novas áreas. A região investiu em tecnologia, recuperação de pastagens e integração lavoura-pecuária, e isso permitiu aumentar a produtividade sem devastar. É um retrato fiel da capacidade do Brasil de expandir sua produção de forma sustentável”, afirmou Isan.

“Enquanto em outros países a expansão agrícola muitas vezes significa abrir novas fronteiras, no Araguaia vemos o contrário: o uso mais eficiente da terra já existente. Essa é uma região que aprendeu a combinar soja, milho e pecuária num mesmo espaço, gerando duas ou até três safras ao ano. Isso garante competitividade para o produtor e segurança alimentar para o país”, disse Rezende.

“Esse dinamismo do Araguaia mostra que sustentabilidade não é discurso, é prática diária. O produtor rural entende que preservar o solo e a água é também proteger o futuro do negócio. O agro da região, e do Brasil como um todo, prova que é possível crescer, gerar renda e exportar mais, mantendo compromisso com a conservação ambiental”, completou.

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Apesar do potencial agrícola da região, o Vale do Araguaia enfrenta desafios significativos em termos de infraestrutura e logística. A escassez de energia elétrica tem sido um obstáculo, com muitos produtores recorrendo a fontes alternativas, como energia solar ou até mesmo geradores a diesel, para operar os pivôs de irrigação. Um estudo do IMB aponta que cada real investido em energia na região pode gerar um retorno produtivo significativamente maior do que em outras áreas do estado, dada a capacidade de expansão agrícola local.

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