A ameaça de sanções secundárias dos Estados Unidos contra países que mantêm comércio com a Rússia preocupa o agronegócio brasileiro. A medida pode afetar diretamente o fornecimento de fertilizantes, insumos essenciais para as principais culturas do país.
O Brasil importa cerca de 86% dos fertilizantes sintéticos que utiliza, e aproximadamente um terço desse volume vem da Rússia, principal fornecedora de produtos à base de nitrogênio e potássio, nutrientes vitais para a soja, o milho e outras lavouras estratégicas. Essa dependência torna o setor agrícola vulnerável a aumentos abruptos de preços e interrupções no abastecimento.
Em algumas regiões, o gasto com fertilizantes chega a representar mais de 20% do custo total de produção agrícola. Caso as sanções se confirmem e dificultem a importação desses insumos, o preço deve subir, levando produtores a reduzir a aplicação, o que pode comprometer a produtividade das safras e, consequentemente, impactar negativamente as exportações brasileiras.
Para reduzir esses riscos, o agronegócio aposta em três frentes: diversificar fornecedores internacionais, com opções em países como Canadá, Marrocos e algumas regiões do Oriente Médio; acelerar a produção nacional, especialmente através do Plano Nacional de Fertilizantes e projetos de mineração de potássio no Amazonas; e aprimorar técnicas agrícolas que aumentem a eficiência do uso dos nutrientes, além de fomentar o uso de bioinsumos.
Apesar dos desafios, essa conjuntura representa uma oportunidade para o Brasil reforçar sua autonomia na cadeia de fertilizantes e garantir a competitividade do agronegócio diante das instabilidades do mercado internacional.