Agricultores do Rio Grande do Sul iniciaram, nesta terça-feira (13.05), uma mobilização por tempo indeterminado para pressionar o governo federal a resolver o endividamento recorde do setor, que já ultrapassa R$ 73 bilhões. Os manifestantes exigem a securitização das dívidas ou, ao menos, a prorrogação imediata dos prazos com condições viáveis de pagamento.
O movimento ocorre em várias regiões do estado, com concentração de tratores e máquinas agrícolas em pontos próximos a rodovias. A ação é pacífica, mas o recado é direto: sem produto para vender, os produtores não têm como pagar o que devem. E denunciam que cooperativas de crédito vêm impondo condições abusivas e ignorando as regras do crédito rural.
A crise, já alimentada por anos de estiagem, se agravou após a enchente histórica que devastou lavouras, estruturas e comprometeu a próxima safra. Muitos produtores não conseguiram renegociar suas dívidas, e os que conseguiram, o fizeram com juros ainda mais altos.
Os organizadores afirmam que o protesto vai continuar até que o governo apresente uma solução concreta. A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) emitiu uma Nota Oficial alertando sobre a falta de ações efetivas por parte do governo federal na busca por medidas para solucionar o endividamento dos produtores após a sequência de eventos climáticos que atingiram o Rio Grande do Sul.
Veja a Nota na íntegra
A Farsul vem através (sic) desta nota lamentar e tornar pública a sua preocupação com a falta de ações efetivas do governo federal em relação às perdas ocorridas no Rio Grande do Sul.
Como é bastante conhecido pelo governo federal, o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de perdas decorrentes do clima sem precedentes na sua História, o que gerou um atraso econômico irrecuperável em relação aos demais estados e um endividamento de dimensão e perfil inadministráveis para um grande contingente de produtores gaúchos.
É importante destacar que, apesar de todas as assustadoras informações de perdas e de endividamento relatadas pela Farsul ao governo federal, até este momento não tivemos sequer a publicação do voto do Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizando as instituições financeiras a cumprirem aquilo que já consta no Manual do Crédito Rural (MCR), apesar da reunião extraordinária da sexta-feira passada. Esta
premeditada falta de ação tem gerado um verdadeiro caos, pois estamos em época de pleno vencimento de custeios, investimentos e prorrogações e o governo sabe perfeitamente disso, mas ao não votar a prorrogação opta por enviar centenas de milhares de produtores gaúchos para inadimplência ou para busca de soluções com juros de 2% a 3% ao mês.
Além do mais, a maior parte da dívida foi realizada com recursos livres, o que exige a criação de uma linha do Fundo Social do Pré-sal que até agora não se avançou de forma consistente.
O remédio, se chegar, de novo será pequeno, restrito e atrasado, diferente dos discursos e dos “outdoors” espalhados pelo país.