Produtores rurais franceses voltaram às ruas nesta sexta-feira (26.09), em protesto contra o avanço do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Convocados pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FNSEA), os atos ocorreram em cerca de 70 localidades do país, reunindo aproximadamente 3 mil pessoas, segundo estimativas oficiais.
Em Versalhes, cerca de cem agricultores levaram tratores à Place d’Armes, acenderam fogueiras e exibiram cartazes com os dizeres “A revolta camponesa recomeça em Versalhes”. O local foi escolhido simbolicamente por seu papel histórico nas manifestações populares durante a Revolução Francesa, e para chamar a atenção direta do presidente Emmanuel Macron.
“O mercado europeu não pode ser aberto para produtos que não respeitam nossos padrões ambientais e sanitários. Isso ameaça a sobrevivência da agricultura francesa”, afirmou Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA. Ele pediu uma reunião urgente com o primeiro-ministro e advertiu que novas mobilizações poderão ocorrer ainda no outono europeu.
Coincidência ou não, os protestos ocorrem após o anúncio feito pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no último dia 19, de que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia estão concluídas, marcando um ponto de inflexão na política comercial brasileira. O tratado, que ainda passará por ratificação política, pretende ampliar o acesso europeu a produtos agrícolas brasileiros, incluindo soja, carne, açúcar e café, enquanto facilita a entrada de máquinas, petróleo, gás e frutos do mar no mercado brasileiro.
Além do acordo Mercosul-UE, os agricultores também criticaram tarifas impostas pelos Estados Unidos e cobraram maior clareza do governo francês sobre seu papel nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia. A Confederação Camponesa, terceiro maior sindicato agrícola do país, já anunciou novos atos: uma manifestação com tratores está marcada para Paris no próximo dia 14 de outubro.
